O tempo é uma sensação.
Pode ser uma boa sensação ou um terrível martírio.
Pode ser longo e pesado, mesmo cabendo dentro das mesmas horas que cabe o tempo leve e deliciosamente fugaz.
Mas é preciso determinar, com urgência, em nossas vidas quem comanda quem... Pelo menos até ele nos vencer e partirmos para o sempre naquela viagem pela eternidade, onde ele não possui mais nenhum poder de barganha.
Não é uma medição de forças. Compreensão mútua é de suprema importância. O tempo será terno se formos ternos com ele. Ser terno com o tempo é, por princípio, entender a diferença entre pressa e urgência... Seria um bom começo para amansá-lo. É a compreensão dele que nos levará às melhores memórias a despeito ou sobre ele, e sobre nossas próprias histórias.
(...)
Se entendermos o tempo também nas coisas e nas emoções, a chance de não desperdiçarmos maravilhosas oportunidades aumentará imensamente.
A pele tem um tempo, o erotismo tem um tempo, o amor, a paixão, os sonhos e expectativas.
O famoso timing pra tudo, da piada ao momento do gozo. Da fervura da água, para não evaporar de vez, ao esperado eu te amo. Do toque suave dos corpos em dúvida à certeza arrebatadora os misturando, entregues.
Perder a hora certa da declaração de amor, a hora certa do beijo, a hora certa de partir,ou o momento precioso do reencontro, será para sempre lamentado.
É a afinidade do tempo e ritmo que faz com que o que sonhamos ou pretendemos aconteça para nosso bem estar e alegria. Faz com que aconteçam as melhores coisas da vida.
Perdemos as pessoas por não entendermos o momento delas.
Elas têm tempos diferentes, ritmos e batimentos distintos, como uma assinatura da alma.
Se o entendemos como peculiar a cada um, não perderemos ninguém, nem seremos esquecidos. Ficaremos uns nos outros, também eternizados.
(...)
Passamos boa parte desse tempo nos lamentando pela falta de perspicácia sobre o momento perfeito para cada coisa... Enquanto vamos aprendendo a
apreender, reter com a gente as melhores partes numa fruição vital para nossos dias.
E o tempo vai-se, rindo da gente com alguma compaixão, mas afastando quem demora demais -e não o percebe nas coisas e nas gentes- dos seus grandes momentos de plenitude e felicidade.
Sejamos felizes devagar, mas com urgência.
Crônica do livro "Anáguas" -Adriana Florence
Obra- Memórias ( 200 x 100 cm)
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