Antropologia e Arte

Comecei meu trabalho junto às populações indígenas com pouco mais do que 13 anos de idade... e foi nas Missões Guarani, lá no sul do país, onde morei por alguns anos e tive a oportunidade de conhecer de perto a cultura e a história desses primeiros povos do Brasil. Ali me reconheci, emocionei ,me encantei, e meu interesse seria pelo resto de minha vida .

E por todos os meus dias, procurando ou não, cruzavam meu caminho pessoas com o mesmo interesse e encantamento: antropólogos, lingüistas, voluntários, cineastas, roteiristas, filósofos... e, mesmo que eu quisesse, não poderia fugir à minha natureza e à natureza do meu trabalho: gente.
Gente é o que me interessa e importa.

Trabalhei nos últimos anos de todas as formas: educação indígena, oficinas de arte, oficinas de literatura, capacitação de professores indígenas, documentário, livros, fotografias e muitos, muitos cadernos de viagem com aquarelas, depoimentos e relatos.

As mais diversas etnias me foram apresentadas, mais de 40 povos e nações distintas, mergulhadas em culturas desconhecidas. E em cada uma vi mais do que a imagem romântica dos livros e fotógrafos, ou a imagem e relatos sombrios de alguns antropólogos e especialistas. O que vi jamais poderei dividir como gostaria, com a verdade, sabedoria e empatia que esses povos impregnaram minha alma, minha  maneira de ver a vida, de ver o outro. Mas continuo tentando... aceitando minhas limitações, mas tentando.  
 

fotografias: Adriana Florence