Adriana Florence: Paciência

domingo, 28 de outubro de 2012

Paciência

Tenho urgência, mas caminho sem pressa.

Não quero que me apressem, me atropelem ...na pressa perco a poesia, o dia, a delicadeza...a mim mesma, e nada sobra de mim que valha a pena.
Quero o tempo da nuvem se formando, e se desmanchando no céu
Quero o tempo da maré e do vento nas dunas, nas velas, nas saias
Quero o tempo da flor abrindo, do dia nascendo, do dia morrendo

Quero o tempo como um bom amigo, moroso e suave, terno e paciente.
Quero o tempo ao meu redor, em mim.

3 comentários:

Dra. Cristiane Grande Jimenez Marino disse...: Oi Adriana!

Tão bem vindo este tema!
Adorei o texto e o vídeo também.
Abraço; 29 de outubro de 2012 às 21:10
Dra. Cristiane Grande Jimenez Marino disse...: OI Adriana,

Gostei tanto deste seu texto que vou postá-lo no meu blog com os seus créditos e link para o seu blog.
Abraço; 29 de outubro de 2012 às 21:12
Adriana Florence disse...: Oi Cristiane! Obrigada, bom que gostou do texto: simples,mas com meu estado de espírito(eterno) sincero. Bj; 31 de outubro de 2012 às 12:18

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Quem sou

Sou pintora, escritora, antropóloga de campo e documentarista.

Trabalho em meu atelier-editora-produtora nas proximidades da Vila madalena e sou do tipo densa e feliz .

Publiquei quatro livros, dois como autora e designer, um como ilustradora e um como editora : Memórias das águas-Melhoramentos, Cancioneiro- Adriana Florence editora, e Cem Sonetos-Ives Gandra- Adriana Florence editora. Fiz um doc. para BBC "No Caminho da Expedição Langsdorff".

Tenho 3 projetos em fase de criação, dois documentários e um curta de ficção: Anáguas, Sete Sonhos e Anônimos.
Meu mais recente livro autoral ganhou o nome de Anáguas e será impresso em pouco tempo. São mais de 10 anos de textos e perquisa. Contos eróticos , crônicas e muitas ilustrações.

Meu trabalho e seus suportes são a extensão do meu corpo. Por isso preciso de tantas formas de expressão, é a minha natureza.

Gente é o que me importa.

Gente habitável. Gente que tem almas morando em si, no outro, nas gavetas.

Tenho urgência sempre, mas caminho sem pressa.

Depoimento

Sou escritora, pintora e antropóloga de campo.
Editora por acaso, ou por necessidade de entender como são feitos os livros. Queria publicar os meus, os dos amigos geniais,os livros dos índios.

Ainda estou aprendendo, e adoro o desafio dos códices.
Entendo o livro como um objeto, cujas guardas nos esperam num grande abraço, enquanto abraçam o miolo, a alma nas páginas.
Virei documentarista por paixão, de um documentário só, por ora: No caminho da Expedição Langsdorff, pesquisa de mais de 15 anos. Postei minhas idéias no meu site e a BBC fez o convite .
Projeto ambicioso e sério para uma principiante: refazer a viagem fluvial do meu tataravô francês, Hercules Florence, pelo coração do Brasil de 1821( junto com Langsdorff,Riedel,Taunay e Rugendas),desenhando e escrevendo, assim como ele fez.
O documentário aconteceu.
Pintei e escrevi durante os dois meses da expediçaõ pelo Brasil e Europa. Publiquei o meu primeiro livro, No Caminho da Expedição Langsdorff-Memórias das águas", um misto de fotografias e impressões pessoais, disposto em um diário pictóricamente rico e emocionado.
Meu texto virou roteiro do filme, minha narrativa o condutor, minhas pinturas o laço emocional com os viajantes.

O livro foi finalista do Prêmio Jabuti. Um susto bom.

Sou artista e meus suportes são a continuação do meu corpo; melhor não haver rótulos e poderemos, através da arte e do afeto, construir pontes sobre os abismos.
Gente é o que me importa. As que abrem ou fecham janelas. Gosto das janelas.
Gosto de gente habitável.
De gente que mora em si, no outro, nas gavetas.
Tenho urgência, mas caminho sem pressa.

Meu livro Anáguas

Comecei a escrever o Anáguas há muito tempo, e muitos amigos sabem dele, também , há muito tempo.
Escrevê-lo era tão prazeroso que eu tinha a impressão de que jamais o terminaria, ou o publicaria.Conviver diariamente com com minha personagem Maya me fez crescer e amadurecer o corpo e a alma.

O livro me proporcionava uma liberdade jamais experimentada. Eu podia circular contando suas histórias, escutando outras, e vivendo momentos deliciosos de Sherazade; sou uma contadora de histórias, não posso negar minha natureza.
Podia falar sobre assuntos delicados, íntimos, eróticos, sem problemas, sem causar estranheza, sem julgamentos.

E o livro foi se tornando uma maneira de viver, de estar no mundo; acabou por se transformar num projeto mais completo: livro, documentário, exposição...

Escrevia e pintava ao mesmo tempo, uma expressão precisando da outra, um suporte implorando pelo outro. Obedeci. São mais de 120 obras e muitos contos e crônicas...e até um romance em andamento.

Tive aquele pavor natural aos escritores de abandonar minhas histórias, memórias, frases. Tive medo de, ao terminá-lo, deixar minha vida menos interessante, viva, menos sinuosa e terna, até menos erótica.
De repente perdi o medo. Decidi arriscar e acreditar que o Anáguas, todo o projeto, poderia deixar nossas vidas, juntas, mais interessantes, quem sabe?!

Anáguas é um livro de contos eróticos e crônicas. É bom lembrar que erotismo para as mulheres tem sentido diferente do que para os homens.
É narrado na primeira pessoa, por Maya, que conta desde seus cinco anos suas descobertas e dúvidas sobre erotismo, amor, compaixão, sobre os lutos,as alegrias, sobre si.
Maya é personagem em todos os contos. Uma catalisadora de todas nós, uma espécie de grande espírito feminino.

O nome Anáguas nasceu antes dos textos .
Ganhei uma boneca de uma tia. A boneca vestia sete saias: apareciam as anáguas em minha vida!
Desde então passei a imaginar as inúmeras explicações para uma mulher usar tantas anáguas. E descobri que, apesar de abandonadas no final do século passado, e de termos queimado nossos sutiãns, ainda as usamos, as tais anáguas.

Anáguas invisíveis, que farfalhamos de maneiras diferentes a cada situação.
Para quem as vestimos, para quem as tiramos. Anáguas coladas à pele, nos impregnando de ternuras e de lascívias. Anáguas como personagens que vivem em cada uma de nós mulheres.
Fui até a origem da Festa das Anáguas em Nazaré, Portugal, a festa da lavagem das anáguas.
E o livro nasceu dessa vontade enorme de contar poeticamente a todas as mulheres o quanto somos iguais e maravilhosas!
Nada de pisar na anágua alheia, farfalhem as suas. Vestimos muitas anáguas.
O livro está em fase de revisão e organização e poderá ser lançado até o final do ano.

Espero que se identifiquem e curtam.

Sobre o livro Cancioneiro

O projeto CANCIONEIRO foi idealizado por Adriana Florence para comemorar os 60 anos do livro ANTONIO TRISTE, primeiro livro de Paulo Bomfim, prefaciado por Guilherme de Almeida com desenhos de Tarsila do Amaral.
CANCIONEIRO reúne 25 poemas recentes e inéditos do “Príncipe dos Poetas” Paulo Bomfim, considerado o poeta dos bandeirantes por expressar o amor por São Paulo.
As ilustrações são de Adriana Florence. A artista é tetraneta de Hercules Florence, que retratou flora e fauna brasileiras na célebre expedição Langsdorff (1821-1829) e é considerado o pai da fotografia. Adriana Florence refez a expedição. O registro desta viagem deu origem a um documentário para o Canal Discovery exibido em mais de 150 países em 19 línguas
e ao livro Memória das Águas.
O livro CANCIONEIRO foi lançado em evento fechado no atelier de Adriana Florence reunindo Maria Adelaide Amaral, o prefeito Gilberto Kassab, Antonio Ermírio de Moraes, Ives Gandra da Silva Martins, Lygia Fagundes Telles,
Celso Lafer, Alain Fresnot, José Mindlin e outras importantes figuras da vida cultural do país. Esta foi uma edição comemorativa e limitada sem distribuição.
O CANCIONEIRO é um livro de arte. Une a força da poesia de Paulo Bomfim aos desenhos, textos, projeto gráfico e edição de Adriana Florence.
CANCIONEIRO celebra a importância da poesia brasileira.
Foi lançada sua segunda edição com patrocínio Bradesco Seguros e Previdência,em junho de 2010 com apoio institucional
do CIEE.
O livro está à venda nas principais livrarias e no Escritório de Arte Adriana Florence.
Informações: cancioneiro@adrianaflorence.com.br

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