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segunda-feira, 25 de março de 2013

Dramática

A palavra drâma origina-se na Grécia Antiga significando ação (δράω /mongão).

Dramática ( Crônica do livro Anáguas)

 

Sou acusada de dramática desde a infância, mas a acusação se acentuou após a adolescência e ganhou, também, um tom quase ofensivo(apesar de solene) por parte dos acusadores. Talvez tivessem razão e o drama não coubesse à cena ou  situação. Talvez ainda não caiba, e sou eu a  viver em palcos imaginários pisando em estrelas e fogo.

No passado eu não entendia bem o que era aquele conjunto de gestos e atitudes que afloravam sem controle da razão; primeiro transbordando dos olhos num brilho que se intensificava gradativamente, para depois ir descendo pela boca em cascata, escorrendo pelos braços e torso e pernas e dedos em vapores úmidos e cheios de reflexos para, ao final, bater no solo  molhando quem ou o que estivesse por perto! Eu era, de fato, dramática!
Mas a,final, se a gente é para o que nasce, eu não poderia ser diferente.
Minha natureza era dramática, intensa e apaixonada.

Drama significa ação. Não seria possível viver sem ele, viver sem ação.

Se for necessário um confronto entre o que está dentro e o que está fora da gente, a ação é justamente a vazão para a crise, e por fim sua solução. Portanto, uma boa dose de drama é também uma boa dose de lucidez e inteligência.
Continuei dramática... e confesso que ainda sou acusada com freqüência,mas  não me incomodo, pelo contrário, sei que não fugi a minha natureza e que o drama confere até um certo charme aos meus dias, por vezes comezinhos e monótonos, e que me mantém atenta e viva sobre o que deve ser confrontado.



Não há como ser intensa e dramática para os gestos que agradam e ser tolhida e contida nos momentos em que a mesma intensidade não é agradável na convivência. Somos um pacote só, inteiros.
No gesto dramático somos nossa própria existência, somos todas as vidas num só momento, pura essência, uma força mesmo da natureza.

Hoje,aprendi a deixar a alma na gaveta de vez em quando, quem aguentaria toda uma existência numa só cena? 
Com o tempo acrescentei um bocado de comédia, que sem humor até a tragédia sucumbe pela falta de contrastes.


Com as dores e alegrias que transformaram meus dias no que são, eu sou ainda inteira, mas deixo pra reunir minhas muitas metades só em confiança. 
E sigo intensa e densa, mas um pouco mais comedida e um tanto desconfiada. Afinal, de corpo e alma, entregue, dramática, inteira... só para os poucos que nos apreendem, percebem e alcançam.

Drama ou Tragédia

Significando «acção» em grego, a palavra drama vem associada à representação teatral na Poética de Aristóteles, por aí se distinguindo da epopeia, a outra forma literária igualmente assente na imitação (mimesis) de acções. Sendo esta obra aristotélica fundamentalmente uma poética do drama, é sobretudo a definição da tragédia que mais a ocupa, referindo o espectáculo (opsis) como o seu modo de imitação, e sendo os restantes cinco elementos que a compõem: a fábula (mythos), os caracteres (ethos) e o pensamento (dianoia) como constituindo a sua matéria; a elocução (lexis) e o canto (melos) configurando o seu meio de imitação.

Comédia
É difícil analisar, cientificamente, o que faz uma pessoa rir ou o que é engraçado ou não. Mas uma característica reconhecida da comédia é que ela é uma diversão intensamente pessoal. Para rir de um fato é necessário re/conhecer (rever, tornar a conhecer) o fato como parte de um valor humano - os homens comuns - a tal ponto que ele deixa de ser mitológico, ameaçador e passa a ser banal, corriqueiro, usual e pode-se portanto rir dele. As pessoas com frequência não conseguem achar as mesmas coisas engraçadas, mas quando o fazem isso pode ajudar a criar laços poderosos.

2 comentários:

Maria Laura Florence disse...


Parabéns, Prima ! Excelente como costumam ser sempre seus textos, dos quais sou entusiasmada admiradora !! Um beijo.

Adriana Florence disse...

Obrigada Maria Laura! Fico feliz que curta e lisonjeada pela admiração e carinho. Bj Bom