Crônicas da Sexta
Solteiros ou Disponíveis?
Quando a sexta-feira se aproxima, a esperada sexta-feira, as conversas da semana, de todas as semanas, excluindo as sextas, invadem meu pensamento e me obrigam, naturalmente, a uma reflexão divertida mas, inevitavelmente, profunda.
Sou tomada por um bom humor espetacular, lembrando as falas e mensagens dos amigos e amigas sobre relacionamentos e frustrações, temores, esperanças e desamores. Sobre a vida, viva e pulsante que todos aguardam, especialmente, para o final de semana.
Como colocamos excessivas expectativas sobre os três dias em que nos permitimos relaxar e tirar as almas da gaveta!
Somos crédulos e esperançosos por natureza, não adianta tentar escapar a isso.
E o somos ainda mais nos finais de semana.
Solteiros ou não.
Bom, vamos às reflexões compartilhadas nesta crônica da sexta.
Ser solteiro não é igual, nem parecido, a ser disponível. Há uma diferença e uma distancia abissal entre as duas situações.
Ser solteiro é simplesmente não ter um parceiro fixo, eu diria, ou qualquer tipo de casamento, acordo, amigação ou concubinato. Ser solteiro não é estar só, como se enganam alguns. Tampouco é pular de cama em cama, ou beijar todas as bocas na balada ou naquele boteco que não aceita casais. Muito menos fingir casualidade nos assuntos do coração, ou descaso sobre os interessados em amor ou em amá-lo.
Mas, particularmente, sou adepta da “monogamia seriada”, portando, os amantes podem ser muitos ao longo da vida, mas sempre exclusivos, importantes. Uma história de cada vez.
A libido deve e tem que ser direcionada para que haja frisson, erotismo, afeto e alguma coerência sensual e emocional. Todas as pessoas que passam em nossas vidas têm importância, queiramos ou não admitir.
Ser solteiro é um estado civil, nada mais.
Importa mesmo se estamos ou somos disponíveis.
Ser disponível é não ter medo, é ter o coração aberto e as asas permeáveis, é estar pronto para ver e enxergar. Pronto para abrir os braços e apostar. Apostar, sim. Porque sem entrega e aposta, nada tem graça, charme, nada é excitante.
O risco da entrega sem volta nos faz mais atraentes, mais sedutores e humanos. Nos faz disponíveis.
Humanidade carrega feromônios, também. Encharca-nos de suores e sorrisos nervosos, e frios na barriga, gagueiras, taquicardia. Ansiedade e boca seca. Humanidade pode até nos despertar amor por alguém, sem que tenhamos desejado, sem planejamentos.
Humanidade traz pra gente o risco de nos apaixonarmos.
Isso! Podemos nos apaixonar, novamente e muitas vezes e tanto e sempre. Por que não? Somos livres.
Liberdade é não ter regras.
Nem as que nos afastam dos sentimentos mais piegas, pregando comportamentos descolados ou modernos, nem as que nos colam a cadeira de palhinha das moças e moços bem comportados.
Muito menos as que nos arremessam, insanos, sobre corpos e experiências, e noitadas, e ressacas... Ás vezes moral, emocional. Ressaca emocional é barra. Quem nunca teve?
Somos contemporâneos do que nos identifica e do que identificamos como nosso tempo, isso é ser livre.
Ser livre é aceitar os rompantes do corpo e os caprichos da alma.
É colocar o tempo no seu lugar.
Ser livre é não ser constrangido pelo passado e não ser acuado pelo futuro.
E, principalmente saber a diferença entre ser solteiro e ser disponível!
E escolher.
( Crônicas da Sexta é uma coletânia de textos que escrevi nos últimos 12 anos, e que penso em, talvez, colocar no meu livro "Anáguas" que será lançado, finalmente,este ano)
Nenhum comentário:
Postar um comentário