"Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim" .
( Ortega Y Gasset)
Desde que me apaixonei pela vida, e isso aconteceu muito cedo, vivo acompanhada da gente que amo, sob todas as formas.
Ortega y Gasset é um desses amores: violáceo, cheio de perfumes e sabores agridoces.
Essa frase do livro " Meditações do Quixote" me acompanha, instiga e incomoda há tempos, talvez pela minha incapacidade de compreensão, talvez por achar que a dita circunstância não é totalmente individual.
Me incomoda não saber onde termina a minha circunstância e começa a do outro , e o fato de sofrer as consequências da circunstância e decisão alheia me ser tão claro... fazer com que se torne também minha, a circunstância do outro, não por opção, mas porque é inevitável e às vezes doloroso.
Mas hoje, bem cedo, enquanto chovia forte e o céu fechava as cortinas para qualquer empreendimento feliz, entendi do que Gasset falava, sem amargura, só muita lucidez!
E confesso: lucidez não faz a gente feliz... porque nos faz mais sós.A poesia e as delicadezas são o que nos mantém acompanhados e leves.
E talvez eu prefira a frase, não na primeira pessoa, mas assim,com a licença de Gasset:
Nós somos nós e nossas circunstâncias, e se não salvamos a elas, não nos salvamos a nós.
...e vamos torcer para que as nossas circunstâncias sejam na maioria das vezes favoráveis e mais fáceis.
E sigamos tentando ser felizes, agarrados à poesia e às delicadezas para que não nos tornemos escravos somente da lucidez e das circunstâncias.
"Eu quero uma verdade inventada."
2 comentários:
Estou amando tudo isso.
Seja o que for esse "tudo isso", estou amando sempre, bom que compartilhamos! Olé!
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