“E foi tão corpo que foi puro espírito." ( Clarice Lispector)
Sempre fui uma adepta- como numa seita- ao sexo por amor a alguém, mais do que ao sexo por amor ao sexo. Não que eu o ache dispensável, afinal, como apregoa o dito popular," sexo é bom, com amor é melhor ainda". Ou seja: sexo é sempre bom!
Mas andei observando, e sou boa nisso, que nas relações onde há envolvimento emocional- seja amor, paixão, admiração ou qualquer outro sentimento ou emoção- que os corpos vão ficando aos poucos dependentes um do outro, como num vício, jogo ou dependência química, e talvez seja mesmo dependência química, já que o prazer proporcionado e despertado libera endorfina, serotonina e toda a sorte de enzimas e hormônios que causam bem estar. É quando tudo se complica nas relações sexo por amor ao sexo!
Uma cilada achar que não vai telefonar no dia seguinte ou no outro, ou dali a uma semana (não importa quanto tempo vai levar ou resistir), caso tenha sido sensacional esse tal sexo casual.
Certamente você vai sucumbir e abrir mão dessa onda maravilhosa de liberdade conquistada ou escolhida, que invadiu seu corpo e vida, e irá ceder à nova invasão, que a princípio parecia consentida e sem compromisso, mas que de repente o aprisionou docemente.
E você vai telefonar!
É meus amigos, sexo é uma arma poderosa com dimensões e extensões inimagináveis! E o que pode acontecer é que existe o risco de nos apaixonarmos em fazer sexo com "aquela pessoa", unicamente com ela. E tudo ficará invertido. Será o sexo que virá antes do amor, e será ele, o próprio, que nos fará amar loucamente!
Parece uma grande contradição e falta de domínio sobre nossas enzimas, hormônios, serotoninas endorfinas... E é!
Cabe decidir se fará esforços para evitar o que foi sensacional, mantendo essa sua liberdade e a alimentando com dor e saudade, ou admitir que liberdade mesmo seja se entregar a tudo que não consegue controlar, explicar ou dominar, e abrir essa Caixa de Pandora onde a mantém prisioneira e contida!
É, sexo é um perigo, sempre!!!!
Trecho do livro Anáguas ( Contos e Crônicas)- Adriana Florence.
SP, Março de 2015.
SP, Março de 2015.
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