A navalha afiada de Hilda fazendo em nós as sangrias necessárias...enquanto buscamos nossas almas, e a cura.
"Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
Amar o perecível,
o nada,
o pó,
é sempre despedir-se."
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?
Amar o perecível,
o nada,
o pó,
é sempre despedir-se."
( Hilda Hilst )
Trabalhei nesse mural,em meu antigo apartamento, por mais de dois anos.
Nele desenhei meus amores imaginados, meus amores vividos, abandonados,cultivados, amores de todos os tipos sob todas as formas, amores que passaram pela minha vida.
Olhava as paredes durante horas, sentada nua sobre uma cadeira de veludo vermelho...paredes vazias por fora, repletas por dentro. Flertava com os invisíveis da memória, e os invocava.
E foram surgindo, como espectros iluminados brotando do concreto frio.
Cortei o cal das paredes com minhas histórias, sofri, me encantei com as memórias, senti desilusão e dor, alegria e excitação... e depois de um tempo, num ritual visceral, lavei as paredes e bani tudo aquilo.
Em mim carrego o que preciso e me é precioso, em mim só o que me refletiu, minha melhor e minha pior parte...o resto?
Na canoa, como diria Torga, por ora não cabe mais ninguém...
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