(...)
Foram embora para sempre.
A dor partiu-a ao meio. O balão perdeu altura, perdeu cores. A pele coberta de algas brilhantes ficou opaca, escureceu. Escureceu o encanto. E o canto desapareceu.
A menina entendeu as diferenças.
Descobriu que o moço era, na verdade, um passarinho.
Não haveria no mundo gaiola que o aprisionasse, canto que o encantasse. Não para sempre.
Mas amor é para sempre, acreditava.
Ela compreendeu enfim o seu vôo,reconheceu o seu ninho,o seu destino. Compreendeu a importância do canto. Mas Sereia não faz ninho.
Sereia flutua misturada à espuma das ondas, sem destino,e só.
Estava condenada a uma solidão involuntária.
Sereia flutua misturada à espuma das ondas, sem destino,e só.
Estava condenada a uma solidão involuntária.
Que seus balões e sonhos eram construídos em cadinhos da imaginação. Ele precisava de leveza para voar e vencer a força dos ventos. Ela precisava das ondas, da força instável das marés.
Sereia não é deste mundo, nem do mundo dos passarinhos.
O mar e o céu distantes, mas se unindo num abraço em dois momentos do dia ...mas o vento sempre os reunindo.
O canto do Sabiá jamais alcançaria o canto encantado da sereia. Mas, cada um a seu modo, levaria poesia e beleza aos céus e as águas.
Haviam sonhado o sonho errado, o sonho dos outros, impregnados pela convivência.
(...)
Trecho do livro " Anáguas"
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