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segunda-feira, 13 de setembro de 2010

A Alma Imoral

Fui assistir a peça de teatro "A Alma Imoral". Todos vocês foram ver, menos eu...
Tentei assistir em 2007, adoeci e não pude ir.
Tentei novamente anos depois ,quando veio para São Paulo, novamente adoeci. Já começava a acreditar  que minhas células evitavam a catarse inevitável que acontece com nosso corpo e com nossa alma diante do monólogo da atriz Clarice Niskier, nua, nua, gritando pra gente a nossa nudez , a nossa nudez escondida debaixo do correto, da tradição,da solidão.

Minhas dores se foram , depois de penosos anos buscando as razões.
 O monólogo de Clarice também se fora, e minhas céulas acovardadas se encolheram constrangidas diante do meu desapontamento em ter perdido Clarice e sua "Alma Imoral". 

Mas a vida se renova e as células também. Voltamos, eu e minhas células, a interagir, e nos apaziguamos.

E Clarice trouxe sua "Alma Imoral" de volta a São Paulo.
Tomei coragem ...e um telefonema inesperado de uma grande amiga me apontou o caminho do Teatro Augusta!
Caminhei sobre as rampas do teatro branco com alguma nostalgia, lembrando-me do tempo em que ele foi do  meu querido amigo, brilhante diretor de teatro, Joaquim Goulart, que o construiu com amorosa obstinação...confesso que minhas pernas se desorganizaram junto com os  pensamentos, e fui tomada por uma  nova covardia diante da possibilidade de confrontar minha nudez com a nudez de uma Clarice inteira,franca, pronta pra dizer o que iria dizer.
E disse.
Emocionante, denso, delicado e instigante.
Viver a experiência de, junto com 100.000 expectadores, despir-me de todas as minhas mortalhas.
Saí do teatro mais viva!
Foi o último dia da temporada...mas Clarice nos contou que voltará em março.
Não deixem de assistir e vejam o site.

Adaptação,concepção cênica e  interpretação -Clarice Niskier
Direção -Amir Haddad
Autor do livro "A Alma Imoral" - Nilton Bonder

http://www.almaimoral.com/

4 comentários:

Unknown disse...

Os sentimentos que afloram quando nos deparamos com a nudez da alma...
Clarice traz a tona algo que revigora, que faz renascer aquele pensamento já esquecido.
A sutileza de suas palavras, o tom gentil, o carinho que abraça...

Zezé Freitas disse...

Obrigada pelo belo texto.
Fiquei interessada em ver a peça.
Abraços!
Zezé Freitas

Adriana Florence disse...

Jackson querido, foi mesmo assim: um ratificar preciso sobre a maneira com que venho vivendo; sobre a clareza,o caos, a liberdade amorosa, a fé quando "há cetezas mais antgas do que a razão" ! Bj bom e saudoso, Dri

Adriana Florence disse...

Zezé querida, obrigada! Não deixe mesmo de assistir em março; fique de olho.
Bj Bom