Hoje acordei meio “Sem gracinha”.
Sem gracinha é uma expressão quase infantil, mas que sempre usei achando que descreveria bem a falta de graça, de arrebatamento, de paixão, uma neutralidade de sentimentos e emoções que nos acomete vez por outra em algum momento do dia, da semana, do mês.
É isso, sem gracinha é perfeito pra mim no dia de hoje.
Não é tristeza, que tristeza tem propriedade, também não é depressão, que disso queremos distância. Não é fome, não é sede, não é frio, nem calor. Também não é solidão, que solidão precisa de alguém para aparecer.Solidão não é só.
É dia em que ficamos procurando o lugar certo para sentar, e não achamos, mudamos de canal da TV, compulsivamente, sem nada assistir, dia em que abrimos muitas vezes a geladeira e não encontramos nada posto que não é fome, trocamos de roupa várias vezes e acabamos vestindo, depois de horas, a primeira opção.
Dia em que não usamos batom nem perfume, nem brinco ou sedução, e não encontramos lugar. É isso: Ficamos sem lugar, deslocados do corpo que temos, das horas que demoram a passar, e não nos parecem nossas. Dia em que estranhamos nossos gestos, nossas mãos, nossa aparência.
Sentimos o corpo oco, e o espelho é mais carrasco.
E o dia nos parece mais longo e tedioso.
Talvez seja a pressão atmosférica, o céu de uma cor só, o frio...o calor exagerado, a falta ou sobra de nuvens. Tanto faz se está azul...não vemos.
Céu sem nuvens, sem semitons, sempre me fez perder também as cores.
Mas acordamos sem gracinha mesmo com o céu azul e sol brilhante.
Recupero-me, breve.
Recuperamo-nos, se mais alguém estiver sem gracinha.
E se estiver, aviso: não há resposta alguma dentro da geladeira, já que também não há perguntas!
Só um estado...passageiro.
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